Em 2022, o Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero: experiências de gestão e práticas pedagógicas antirracistas em ambiente escolar completa duas décadas de trajetória. As inscrições da 8ª Edição serão abertas em 21 de março e o resultado será divulgado no segundo semestre.
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A iniciativa busca identificar e valorizar práticas pedagógicas exemplares de professoras/es e gestoras/es da educação básica, com o propósito de construção da equidade racial e de gênero.
Segundo Jucelino Alves, consultor do CEERT, a iniciativa se consolida como uma tradicional premiação que visa concretizar com qualidade o direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens.
Jucelino Alves, consultor do CEERT
Como surgiu
O Prêmio Educar surgiu em 2002, de forma pioneira, a partir de debates promovidos no Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), a partir de 2000, em parceria com diversos atores do movimento negro e da área da educação.
De acordo com o geógrafo e educador Billy Malachias, o projeto surgiu antes mesmo da implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que alteram a LDB 9.394/96 para incluir a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena, nas escolas de todo o país.
Billy Malachias, geógrafo e educador
Billy acompanhou o Prêmio desde a sua criação e atualmente é consultor do CEERT, pesquisador do Laboratório de Geografia Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro de Estudos Periféricos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
“A criação do Prêmio é uma contribuiçao do CEERT para a luta antirracista no Brasil. A educação é um lugar de mobilidade social, mas também sempre foi um espaço de reprodução dos preconceitos. Modificar isso é uma responsabilidade do ativismo negro”, explica.
Ainda de acordo com o educador, o CEERT criou o Prêmio, antes mesmo da lei, para identificar o que os professores faziam de positivo para o enfrentamento do racismo. Depois da criação da Lei, a referência a ela no projeto passa a ser um dos critérios de seleção.
“O Prêmio passou a ser um incentivo à leitura da Lei e uma ação de difusão das diretrizes curriculares. Isso foi de caráter inovador, além de todos aspectos valorativos de reconhecimento para a vida individual de diversos educadores e educadoras.”
Importância histórica
Segundo Maria das Graças Gonçalves, especialista do CEERT e Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), o Prêmio é uma marca do CEERT e tem um registro histórico de práticas pedagógicas antirracistas de Norte a Sul do Brasil, promovendo a discussão e reconhecendo e incentivando os projetos.
Maria das Graças Gonçalves, especialista do CEERT e Professora da UFF
Todo esse conhecimento resultou em uma importante coleta de dados para o CEERT, apoiando pesquisas na área de educação e fornecendo materiais didáticos e pedagógicos nos setores públicos e privados. A divulgação dos projetos desenvolvidos passou a desempenhar um papel formativo, a partir do debate de relações étnico-raciais. Conheça alguns deles aqui.
O combate ao racismo institucional dentro da escola é o ponto de encontro entre todas as edições - nos materiais de ensino, nos espaços escolares, na epistemologia eurocêntrica e na ausência de história das pessoas negras e indígenas. “Nesta edição, certamente a pandemia irá desnudar o agravamento de diversas questões, como a saúde mental dos educadores e dos alunos, além da desigualdade na educação”, explica a educadora.
Desafios
Na avaliação da equipe do Prêmio Educar 2022, a conjuntura atual está impactada pela pandemia da Covid-19. Foram agravados e escancarados os problemas estruturais do racismo, sexismo, exclusão social e o desigual acesso aos serviços e equipamentos básicos. Como consequência, a população negra e indígena está no topo dos piores índices de contaminação, óbitos e vacinação.
Na esfera da educação, assistimos a maior paralisia do sistema educacional da história moderna. Segundo dados publicados em 2021 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), 99,3% das escolas do país suspenderam as atividades presenciais, revelando também que o país obteve a média de 279 dias sem atividades presenciais durante o ano letivo de 2020, considerando escolas públicas e privadas. Os/As estudantes negros/as possuem menos acesso a computadores e internet, tendo mais dificuldades para seguir aprendendo.
De acordo com um estudo divulgado pela Fundação Carlos Chaga, pela Unesco, pelo Itaú Social e pelo Instituto Península (2020), 53,8% dos/das professores/as declararam que houve o aumento da ansiedade e depressão dos alunos, além da diminuição da aprendizagem e altos índices (88%) de despreparo dos professores para o ensino remoto, com a ausência de treinamento e de suporte emocional.
Oportunidades
No contrapeso desse contexto, profissionais da educação básica de todo o país criaram estratégias para desenvolver o trabalho, aplicando esforços excepcionais. É por isso que um dos objetivos do Prêmio Educar 2022 é saber mais sobre esse fazer da gestão escolar, assim como o fazer das práticas pedagógicas antirracistas desenvolvidas durante o período mais agudo de isolamento social, com o objetivo de apoiá-las e difundi-las para que se tornem força inspiradora de novas iniciativas!
Quem pode participar
Podem se inscrever professoras/es que estejam em atividade nas diferentes etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e de todas as Modalidades de Ensino (Educação de Jovens e Adultos; Educação Escolar Quilombola; Educação Indígena; Educação Profissional e Tecnológica; Educação Especial e Educação à Distância).
Também podem participar gestoras/es de escolas (diretoras/es e coordenadoras/es pedagógicas/os) que estejam em atividade na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e de todas as Modalidades de Ensino (Educação de Jovens e Adultos (EJA); Educação Escolar Quilombola; Educação Indígena; Educação Profissional e Tecnológica; Educação Especial e Educação à Distância).
O Prêmio é dividido em duas categorias: Professor e Escola. A categoria Professor é dividida em duas modalidades: práticas pedagógicas executadas – realizadas entre 2019 e 2021 e projetos de práticas pedagógicas ainda não executadas. Já a categoria Escola conta apenas com a modalidade Gestão com Equidade e Antirracista (GEA).
Prêmio
A Categoria Professor é dividida em duas modalidades: práticas pedagógicas executadas – realizadas entre 2019 e 2021 e projetos de práticas pedagógicas ainda não executadas. Serão eleitas 8 propostas nesta categoria, sendo que cada uma levará o prêmio de R$ 7 mil reais.
Na categoria Gestão de Escola, cada uma das oito propostas eleitas na etapa final do processo de seleção receberá equipamentos para a escola, elegíveis numa listagem fornecida pelo CEERT, dentro do valor de 10 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.