EDITAL EQUIDADE RACIAL
ACESSARDois livros escritos por mulheres negras baianas estão entre os melhores de 2017, eleitos pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
A votação, realizada na última segunda-feira (11), escolheu os melhores nas categorias: Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música Erudita, Música Popular, Rádio, Teatro, Teatro Infantil e Televisão. Em Literatura,
Calu: uma menina cheia de história (Malê), de Cássia Valle e Luciana Palmeira, com ilustrações de Maria Chantal, ganhou na categoria Infantil/Juvenil.
Em Poesia, o vencedor foi o livro Dia bonito parachover (Malê), de Lívia Natália.
“A escrita de mulheres negras é escuta. Uma concha banhada no marinho, uma carta lançada ao tempo. A escrita das nossas antepassadas ressoa em cada um de nós. O prêmio APCA de melhor livro do ano na categoria poesia de 2017 é nosso, de todas e de todos nós. Obrigada, a todas as pessoas que sempre acreditaram e sempre estiveram junto. Obrigada aos Orixás, aos Encantados e a todas as mulheres negras que pisaram antes neste chão, abrindo caminho!”, comemorou Lívia Natália, em sua página no Facebook.
Calu: uma menina cheia de histórias
O livro Dia bonito pra chover é uma dessas coisas novas que o amor tem para contar. Rumas de corais feitos de palavras que, mesmo narrando vivências de correntezas, ainda guardam o tempo das conversas de semear os dias. Poemas que alcançam aquela nota mais alta da música. Um espelho da profundidade e faceirice que é a autora, Lívia Natália. Percebe-se: ali mora a magia e o tempo das noites frias. Ali é onde cravejado os olhos infantis vê-se que o amor não é uma mordaça e sim a oportunidade ser única. Nas linhas que brotam em cada página “se amostram” um lado lua tão forte e inevitável quanto a nuvem que precipita chuva e cai derramando-se nos mistérios de um Rio. Lê-lo é desvela-se. Revolver-se. É sim! Aquela água toda. Aquela força toda. Aquela profundeza de dar medo. Versos que benzem tinos, rezam rumos, curam juízos abalados, lavam bocas maledicentes. Uma torrente que tudo flui e penetra, até mesmo as mais áridas almas. O que há dentro aqui? Uma porção de fluidos de “Palma da Rainha”. As águas frias e banzadas da Lagoa de Abaeté. Segredos e anseios de palha da costa por cima do barro. Assim segue tsunami que anseia tomar cidades. Um livro (ELA). Um poço sem fundo.
Quanto: 35 (no site da Editora Malê)
Fonte: Correio Nagô
Categoria: História, cultura & arte