EDITAL EQUIDADE RACIAL
ACESSARApós acompanhar a luta de uma mãe para provar a inocência do filho acusado de assalto à mão armada injustamente, o Profissão Repórter falou com outros cinco jovens que foram acusados do mesmo crime e que também não haviam cometido o delito. Todos eram negros.
Eduardo, de 16 anos, foi acusado de participação em dois assaltos à mão armada em São Paulo. Graças à luta de sua mãe, Liomézia, conseguiu provar sua inocência e foi liberado após 24 dias na Fundação Casa. Casos como o dele são mais comuns do que se imagina.
Eduardo foi detido pela polícia porque passava por um local próximo onde ocorreu o segundo assalto. Os PMs disseram que ele tinha características parecidas com as de um dos três criminosos: alto, negro e com mechas loiras no cabelo. Ao chegar na delegacia, o reconhecimento dele pelas duas vítimas foi determinante para a detenção de Eduardo.
O repórter Guilherme Belarmino, que registrou a luta de Liomézia por 21 dias até a libertação de Eduardo, chegou a falar com uma das vítimas, que falou como foi feito o processo de reconhecimento: "Eu vi uma foto e depois, quando nós estávamos esperando, tanto eu quanto a outra vítima, ele passou na nossa frente na delegacia". Questionado se teria certeza que foi realmente ele que o assaltou, o homem admitiu: "Cara, não. Não tenho".
Pela lei, segundo o artigo 226 do Código de Processo Penal, o suspeito deve ser colocado ao lado de outras pessoas com características parecidas com a dele para que as vítimas façam o reconhecimento. Isso não aconteceu.
"Como foi dito pelas próprias vítimas, colocaram ele sozinho para o reconhecimento. É óbvio, né? Não tem tu, vai tu mesmo [...]. Isso induz a vítima a reconhecer a pessoa", diz a advogada de Eduardo.
O Profissão Repórter conversou com outros cinco jovens que passaram pela mesma situação de Eduardo. Foram acusados de assalto à mão armada, detidos e depois tiveram que contar com a família para correr atrás de provas que comprovassem sua inocência.
Todos também tiveram suas fotos tiradas pelos policiais e depois foram reconhecidos, através delas, pelas vítimas. "A gente foi reconhecido pela cor da nossa pele", afirma um deles. "Vê a nossa cor e já fala, né? É ladrão", diz outro. "O preconceito é muito", lamenta um terceiro.
"Injustiçado", "tristeza", "indignado": essas foram algumas das palavras usadas por eles para falar sobre o que viveram.
Fonte: G1 Globo
Categoria: Violência & segurança